quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Em fotos sobrepostas .

Vejo como sempre sorria e não segurava o riso. Nem acredito nos ossos aparentes da dona da casa. O chefe da família exaltava sua camisa do Sepultura e suas botas de combate. As crianças desejavam bonecas e carrinhos, pediam músicas e cantarolavam o lixo da Xuxa. Os interesses eram pequenos, porém brilhantes. As cores estavam em todo lugar sem querer combinar. A preocupação totalmente desativada. Os dentes começavam a cair e já não dava mais para agüentar ficar sem sorrir. Eu queria mostrar para o mundo que eles não estavam mais lá,ora! Os cabelos longos e altos, mas já dando sinais de uma calvície futura. As garrafas com compostos alcoólicos sempre presentes em cima das mesas. As roupas eram tão poucas, porque não tinha nada a que mostrar. Os bonecos infláveis me faziam chorar. Lembro-me do baixo que foi depositado no maleiro, esquecido; depois vendido. Da jaqueta de couro que fazia papai viajar por dentre a cidade a noite toda... Um motoqueiro abismal. Cabelo alto, cós também. Viagens ilimitadas antes da chegada de uma maníaca. Muitos ainda vivos aproveitavam. Do passado, nem poeira. No coração velho, apenas uma maneira... de preceder o que poderia acontecer se estivéssemos ainda naquela época.

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