domingo, 25 de outubro de 2009

De páginas inversas.

As páginas estão pesadas demais para ser viradas, mesmo com o esforço constante de meus dedos. Elas estão rígidas e presas no passado. Sentindo que há algo ainda há ser feito, mesmo que eu não me lembre do quê. Há varias maneiras de terminar com isso, mas não sei se deveria. Voltar ao tempo, há um mês ou até mais, revirem a questão. Eu poderia explodir e acalmar tudo com um pequeno soar de palavras. Talvez esteja cansada demais para continuar... Mas, impiedosamente, minhas cargas de energia não estão gastas o suficiente para que eu esteja cansada. Talvez eu não conheça o suficiente. Gostaria que me soltassem. É torturante, apenas de imaginar.

sábado, 24 de outubro de 2009

De um silêncio inexistente.

Não há um mundo em que eu pense ou fale tudo e não ouça nada? Nem ao menos sussurrar meus pequenos desesperos retendo gritos? Eu simplesmente não existo com tudo isso. É demais para eles suportarem. Ao menos se pudesse optar por existir e estar aqui em momentos menos oportunos. Desejaria o topo das montanhas com uma brisa fresca levando meus cabelos. Desejaria o pôr do sol, a lua e as estrelas. Mas desejar não é o suficiente. “ Se vamos sonhar, sonharemos grandes coisas”. E mesmo dessa forma, não é tão simples. O amanhecer permanece mais frio que de costume. Talvez pela certeza dos pensamentos doloridos que me ocorrem durante todos os dias. O brilho do sol está meio ofuscado pelas nuvens, que a cada minuto ficam mais densas. E á noite, com a imaginação fluindo, me pego pensando nas simples lembranças e vontades, que por sinal são pesadas demais para se carregar sempre. Lembro-me do otimismo como uma forma de me desprender da negatividade que me ronda... Mas junto do otimismo vem à esperança, que mal trata meus sentimentos como ninguém. Queria conter o equilíbrio, das artérias até o coração... do sangue, até a pulsação. Ele foge de mim. Talvez a diversão em minha reação patética o mova a estar sempre do meu lado.
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sábado, 10 de outubro de 2009

Mas então.

Poderia me desculpar,
mas não sei o que esperar.

Poderia lamentar,
mas não sei o que ouvir.

Poderia me soltar,
mas não sei á onde devo ir.

Poderia cantar,
mas não sei o som a que emitir.

Poderia sorrir,
mas não sei fingir.

Poderia até te matar,
mas não sei se viveria aqui.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ontem.

Um dia normal. Opaco. Sem graça, sem contraste. Podia até ser. Mas as folhas estavam mais verdes e pude ver o brilho do sol sob o céu completamente azul. De pouco em pouco, as nuvens ficaram mais densas, mas não escuras. O dia brilhou durante uma longa parte em que me postava dentro de casa. Perguntas e risadas sobre mim mesma me vieram na cabeça. Patético, até seria. Um monólogo em pensamento. Então vamos pensar em um jeito de nos alegrar com algumas gotas negras no rosto, apenas para me divertir e fotografar. Hoje eu vi, um azul intenso, um céu imenso, um trevo de três folhas. Senti os sons das árvores soarem meus ouvidos. Despertei os sentidos e me pus de pé a renovar. Mexi no cabelo, encarei meus próprios olhos no espelho e vi que estavam brilhando densamente. Eles não estavam negros, mas sim brilhantes e profundos, com as pupilas dilatadas, coberto de uma pequena camada de lágrimas. Vamos ver o dia e admirar como belo está o céu. Simplesmente aquele céu profundo havia desaparecido e foi substituído por muitas nuvens, esbranquiçadas; ainda bem. Eu sempre gostei muito de chuva, mas temo a escuridão como uma forma de prever barulho e desastre. E olha, o sol havia desaparecido em questão de momentos e eu nem havia percebido. Mas, surpreendemente, meus olhos brilharam mais. Havia uma intenção de desfrutar do clima agradável naquele momento. E simplesmente me debrucei na escada, olhei-me no espelho. Vi a bela folhagem densa naquele fundo esverdeado. Aparentava bem feio ao primeiro ver. Mas capturei um foco extraordinário e impensável. Um beija-flor sobrevoou as folhagens de leve, a ponto de alcançar o néctar das flores em algum lugar. Observando, eu estava ali. Pus-me a levantar e ir ao encontro de um jardim, que havia um pinheiro grande, e muito belo por sinal. Estava enfeitado de luzes natalinas, mas não era natal. Havia tijolos bem colocados em volta do jardim, dando-lhe um retoque especial e manual. Deixei-me levar pelas janelas abertas e pela visão que podia ter do interior da casa. Tinha medo. Medo de que algo aparecesse. Algo normal vindo de mim. Rondei o jardim por algum tempo, e fui observar o clima. As nuvens continuaram ali, porém se multiplicaram. Continuavam densas, porém não aparentavam pesadas. Posicionei-me e fiz o que meu extinto implorava. Melhorei o foco das folhas de um dos vasos, e aí, após algum intervalo de tempo, parei e olhei para o céu. Estava chovendo. E então, satisfatoriamente fui me refugiar em frente a televisão, satisfeita com as visões de hoje.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

E também podia ser.

podia ser. uma alucinação, um sonho ou simplesmente uma imagem. uma esperança, uma lembrança, um simples desejo. um mês, uma lembrança, um fim. te vejo com outros olhos, mais vislumbrantes, mais intensos. seus contos me aproximam, suas atitudes me tiram o ar. podia ser. seu sorriso contido em lágrimas. sua máscara rígida, prestes a cair. seu olhar divertido e imprevisível. seu toque leve, aos poucos, brutal. suas palavras duvidosas, próximas a um novo despertar. suas músicas e seu duro andar. suas vontades e planos, quase a desmoronar. seus problemas e suas alternativas inexplicáveis. sua determinação intensa e seus pensamentos fulmegantes. podia ser. o fundo do mar, o brilho das estrelas. o altar do luar, e o entardecer. a aurora intocável e simplesmente ser. um precipício, um coração alado, só eu e você.

sábado, 3 de outubro de 2009

Como se fossem 71 anos.

Quase na virada de um ano novo. Como se tudo fosse festivo no final do ano. Uma doença incurável aos olhos da medicina. E o que nos restava, mesmo com pensamentos inocentes; era ter fé e esperar que tudo pudesse se ajeitar. Tão querida dentre tantos laços. ÚNICA, EXPERIENTE, MAGNÍFICA. Com seu jeito tão especial de ver a vida. Com seus passos dançantes e alegres, seus carinhos e conselhos, para que eu nunca cutucasse a comida antes da hora. Seu amor infinito. Suas unhas bem feitas e seu cabelo sedoso. Seus métodos caseiros e suas expressões joviais. Seus olhos sonhadores e sua esperança inexplicável. Eu admiro ainda tudo isso em você. Uma grande mulher. E um dia espero ainda te encontrar, mesmo que daqui um longo tempo. Talvez esteja rodeada de anjos e fixada no paraíso, mas tenho a certeza do amor incondicional que teremos sempre por você. Esperarei anciosamente, por uma palavra escrita em um papel, por uma flor com seu perfume, ou uma foto que expresse nosso abraço. E em todos estes anos que se passaram, lembro-me de você quando me falam sobre superação, sobre o nosso apelido. Como me chamava e como me acolhia. Como me adorava e como me protegia. Lembrarei-me sempre de minha infância incerta e insana. Dos muitos teatros e apresentações que me permitia ter sua presença no lugar da minha mãe. Desejo intensamente que Deus nunca me apague estas lembranças, mesmo não tendo-as em fotos. Você simplesmente era meu apoio, para tudo. Eu só esperava que você se mudasse pra longe comigo, que nunca estivesse longe de quando me tornei uma menina aborrecida e esquisita. Queria que você estivesse comigo até em meu leito de morte. Mesmo com você longe, ainda lhe desejo como se estivesse do meu lado sempre, O MELHOR QUE EU PUDER LHE DAR ! E bem de longe, saiba, que POR TODO SEMPRE, irá morar em meu humilde coração.

Em memória de; Nair Maria Silva Diniz.

É outubro.

vamos modificar as coisas novamente. rever meu humor desesperado e desnecessário. rever meu impulso, que por vezes é fatal. rever meu olhar que transparece um coração bruto.
as palavras não são mais confortantes, as noites não são mais sonhadoras.
as folhas das árvores caíram e resurgiram em mais uma primavera. lágrimas foram derramadas, mas não reconstituídas.
músicas foram escritas, mas deixadas de cantar.
poemas foram criados, sem ninguém para recitar.
jardins florescendo, sem ninguém para cuidar.

tudo tão simples, mas sempre necessário (...)