quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O crime da metade


Eu odeio essa coisa de metade. 
Ter amigos pela metade, deixar a comida pela metade. 
Arrumar casa, escrever, ouvir música, dormir,
 sorrir, dançar, viajar, tudo pela metade. 
Odeio ainda mais tratar e destratar sentimentos como se fossem objetos, 
e cuidar de mau jeito. 
Dar carinho quando sobrar tempo, ligar quando não tiver outra coisa pra fazer, falar que está com saudade quando não houver outro recurso. 
Falar que ama só pra não deixar o outro falando sozinho, sem sentir vontade. 
Dizer que está com raiva, e não falar o motivo. 
Esperar sem saber o quê. 
Agir quando estiver tudo no fim. 
Pedir outra chance quando as coisas estão desmoronando. 
Se declarar e compor uma canção, quando alguém estiver em lágrimas. 
Ser metade  e agir metade é injusto com o próximo que você diz amar, até pela metade. 
Existem sempre pessoas dispostas a serem completas, a agirem direito, a se dedicarem por inteiro, tão logo pedimos; metades, não se aproximem daqueles que saibam ser inteiros.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente. Junto-me ao coro: Metades, não se aproximem daqueles que precisam ser inteiros.

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