Feridas que vem e vão. Ao se machucar, ganhamos uma dor eterna, que ás vezes se abre, até mesmo quando está quase cicatrizada. Ela pode adormecer por anos, mas ainda está lá. Quando aberta, espalha sangue, necrosa o que é bom, derrama lágrimas até que você se afogue.
Se é pra sofrer, que seja sozinha, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada. Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer. Se é pra sofrer, que possa ser descabelada, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio. Que eu não precise dar satisfação a ninguém, ou suportar lamentações o dia todo. Em mim já dói o suficiente.
E da ferida, da angústia, nasce a raiva, a mágoa, e todos primos ruins. Me destrói, me deixa lá fora, abandonada na chuva fria. A única vontade que tenho, é de despedaçar sem dó quem causou minha dor. Quem não fui o suficiente humano para se colocar no meu lugar e imaginar minha insônia ao anoitecer, por ser tão tola. Isso tudo é consequência por confiar, acreditar. Algo que era fácil antes, e de repente, nasceram espinhos deste sentimento. A gente se pergunta: em quem estender nossas vidas? Nossos sonhos?
Deveríamos ter o direito de machucar essas pessoas também, que gostam de tirar o que há de bom em mim. Eu desejaria gritar, bater, matar, sem dó. E como não posso, minha própria prisão, foi ser enganada por confiar e amar.
Hoje, eu perdoei, mas a ferida continua aberta, e molha meu travesseiro toda a noite, e me entristeço por não ter coragem de devolver a dor.
Hoje, eu perdoei, mas a ferida continua aberta, e molha meu travesseiro toda a noite, e me entristeço por não ter coragem de devolver a dor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário